XIII
Cantiga dos palmares


Seu branco, dê o fora,
Deixe os nêgo em páis.
Nóis tem cachacinha,
Tem coco de sobra,
Nóis tem iaiá preta,
Nóis dança de noite;
Nóis reza com fé.
Seu branco é demais.
Praquê que vancêis
Foi rúim pros escravo,
Jogou no porão
Pra gente morrê
Com falta de ar?

Seu branco dê o fora,
Sinão toma pau
Aqui no quilombo
Quem manda primero
Deus nosso sinhô,
Depois é São Cosme
Mais São Damião,
A Virge Maria,
Depois semo nóis.
Ezerço de branco
Não vale um real,
Zumbi aparece,
Mostrou o penacho,
Vai branco sumiu
Cruz credo no inferno.
Seu branco, dê o fora,
Não volte mais não
 

De História do Brasil (1932)
 


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